Vibra Energia fecha parceria com BBF para vender SAF em 2025

Ex-BR Distribuidora também terá exclusividade na comercialização do diesel verde que será produzido pela parceira
13 abril, 2022
Imagem escrito Vibra Energia fecha parceria com BBF para vender SAF a partir de 2025

A Vibra Energia fechou um contrato de comercialização exclusiva do combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) que a Brasil BioFuels (BBF) pretende produzir no Brasil a partir de 2025. O acordo é válido por cinco anos e se soma ao contrato já assinado entre as partes para compra e venda do diesel verde HVO (sigla, em inglês, para hidrotratamento de óleo vegetal).

A matéria-prima para os biocombustíveis será o óleo de palma produzido pela BBF no interior de Roraima.

Já o refino será feito numa planta a ser construída na Zona Franca de Manaus (AM). Esta promete ser a primeira fábrica de produção dos dois biocombustíveis em escala industrial no Brasil.

A expectativa é que sejam investidos cerca de R$ 2 bilhões na produção, inicial, de 500 milhões de litros de biocombustíveis por ano. A unidade está prevista para o primeiro trimestre de 2025 e será flexível – ou seja, poderá produzir entre HVO e SAF.

“A Vibra tomou a decisão de ampliar o portfólio de ofertas de energia que interessam aos clientes que querem fazer a transição energética”, afirmou o CEO da companhia, Wilson Ferreira, à imprensa.

Nos últimos meses, a Vibra – antiga BR Distribuidora – anunciou parcerias nas áreas de biogás, comercialização de etanol e eletricidade renovável e manifestou interesse em entrar no negócio de hidrogênio verde.

A empresa espera iniciar a comercialização do HVO e SAF até 2026. O volume inicial produzido é capaz de substituir 2% da atual demanda nacional de querosene de aviação e diesel atendida pela Vibra.

Tanto o HVO quanto o SAF são drop in – isto é, os seus respectivos usos não exigem adaptações nos maquinários, nem necessidade de mistura, ao contrário do biodiesel. Isso permite que a substituição dos fósseis pelos biocombustíveis ocorra de forma mais imediata.

Aposta na descarbonização da Região Norte
A utilização dos biocombustíveis pode gerar uma redução das emissões de gases do efeito estufa de 50 a 90%, em relação ao diesel e querosene de aviação (QAV). .

De acordo com o diretor executivo de operações da Vibra, Marcelo Bragança, a ideia da empresa, a princípio, é atender aos clientes da Região Norte do país, ajudando-os nas suas ambições de descarbonização.

O HVO e o SAF produzidos inicialmente na planta da BBF poderiam substituir até 24% da demanda regional de QAV e diesel atendida hoje pela Vibra.

Latam, Gol e Azul seriam as principais interessadas no consumo de SAF. Representantes das companhias aéreas, inclusive, estiveram presentes no evento de lançamento do projeto, na segunda-feira (11/04), em Roraima.

A BR Aviation – marca da Vibra para fornecimento de combustível para aviação- atende 90 aeroportos no Brasil, e responde por 70% do mercado brasileiro. Na Região Norte, é responsável por 94% do mercado.

Já indústrias e grandes empresas de mineração da região, em especial a Vale no Pará, despontam como potenciais consumidoras de diesel verde, para substituir o diesel que abastece locomotivas e grandes máquinas e caminhões.

“Apostamos nos nossos clientes que têm interesse em começar a fazer a transição em algum momento para usar mais renováveis”, disse Bragança

BBF promete preços competitivos
O CEO da BBF, Milton Steagall, promete produtos competitivos. A ambição da companhia, segundo ele, é entregar o “diesel verde e o SAF mais baratos do Brasil, talvez do mundo”.

A empresa aposta na produção verticalizada. Ao contrário de outros projetos de HVO e SAF no mundo, a BBF é responsável por toda a cadeia produtiva dos biocombustíveis, desde o cultivo da matéria-prima até o refino do óleo vegetal.

Ainda segundo a BBF, a produtividade do óleo da palma – um hectare de palma produz dez vezes mais óleo que a soja – e o menor custo das terras em Roraima tornam o diesel verde SAF mais atrativos a médio prazo, até mesmo em relação ao fósseis.

“Seremos competitivos sem onerar a sociedade. Nosso esforço é que nosso produto chegue o mais rápido possível à paridade internacional de combustíveis fósseis.”, disse Steagall.

A maior parte da produção de óleo de palma será no município de São João da Baliza, em Roraima.

Até 2026, o cultivo da palma deverá recuperar 120 mil hectares de áreas consideradas degradadas da Amazônia. A ideia da BBF é que isso ajude no reflorestamento e criação de corredores verdes entre as zonas de mata nativa, o que abre oportunidade para geração de créditos de carbono.

De acordo com o diretor da BBF, Dionisios Vossos, Roraima possui atualmente 31 milhões de hectares de áreas degradadas aptas a receber o plantio da palma, o que poderia resultar na captura de 97 milhões de toneladas de carbono.

Para efeitos de comparação, a Petrobras espera reduzir de 62 milhões para 59 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2025 as emissões absolutas de suas operações.

“Temos um pré-sal verde na mão. Com essa área de 31 milhões de hectares plantada de palma, conseguiríamos ter uma produção maior que o pré-sal brasileiro de óleo fóssil”, comentou o diretor.

*O repórter viajou à Roraima a convite da Vibra Energia

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